Novo protocolo traz atualizações essenciais para o combate à hepatite B

Mas, para colocá-las em prática, é preciso diagnosticar a doença. Processo depende de um teste simples, que precisa entrar na rotina dos consultórios

Considerado um dos mais preocupantes problemas de saúde pública no Brasil, o vírus da hepatite B atinge, atualmente, 1,1 milhão de pessoas e apresenta estimativas preocupantes para os próximos anos, relacionadas principalmente ao baixo percentual de diagnósticos realizados.

Nesse cenário, há uma notícia animadora: a publicação de um novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que conta com evidências científicas de estudos recentes e a incorporação de medicamentos, produtos e procedimentos inovadores.

Em relação ao PCDT anterior, de 2017, há atualizações importantes quanto à elegibilidade do tratamento da hepatite B, ficando mais claro os critérios para definir quem deve ser tratado, isto é, pacientes com sinais de inflamação no fígado. Anteriormente, os critérios dependiam de mais testes e de uma interpretação complexa, dificultando a administração dos medicamentos aos pacientes.

Entretanto, a mais significativa novidade está na inclusão do medicamento tenofovir alafenamida no rol de tratamento. Ele provoca menos efeitos adversos, como perda mineral óssea e prejuízos à função renal. Há mais de uma década nenhum novo medicamento era incorporado.

Diferente da hepatite C, para a qual existe cura, o tratamento da hepatite B é contínuo e depende de terapia provavelmente durante toda a vida do paciente.

Diagnóstico é simples, mas é um desafio

A presença do vírus da hepatite B costuma ser silenciosa, dificultando o diagnóstico e o fim da cadeia de transmissão. Vale lembrar que as hepatites B e C estão entre as principais causas de câncer de fígado.

Para reverter esse cenário, o acesso à testagem é imprescindível – e é justamente aí que entram os profissionais de saúde, que devem incluir o pedido de teste na rotina de tratamento.

O ideal é que todas as pessoas sejam testadas ao menos uma vez na vida. Isso pode ser feito de forma rápida, fácil e gratuita em toda a rede pública de saúde.

Como é a transmissão

Também é essencial que as pessoas entenderem que a transmissão pode ocorrer de várias formas. Alguns exemplos:

  • Nas relações sexuais sem o uso de preservativos
  • Quando a mãe que possui a doença passa para o bebê no momento do seu nascimento (a chamada contaminação cruzada)
  • Por meio do compartilhamento de seringas, agulhas e demais materiais para a utilização de drogas e em transfusões de sangue

Dá para prevenir

A doença, que não tem cura, pode ser prevenida com o esquema vacinal de três doses, sendo a primeira ao nascer, a segunda com 1 mês de vida e a última, aos 6 meses.

Para aqueles que não foram submetidos à vacinação nas idades indicadas, a imunização pode ocorrer a qualquer momento: basta ir a um posto de atendimento público.

Para identificar aqueles com infecção pelo vírus da hepatite B e sinais de comprometimento do fígado, são realizados alguns exames de sangue: o de carga viral e o ALT (alanina aminotransferase), solicitado para avaliar as funções do fígado.

Também é importante avaliar o grau de fibrose (cicatrizes) no fígado, o que pode ser realizado por exames não invasivos.

Em paralelo, é primordial que haja um investimento contínuo na pesquisa e no desenvolvimento de novos medicamentos que possam proporcionar controle da doença e qualidade de vida aos pacientes diagnosticados.

O PCDT completa esse conjunto de iniciativas que pode levar o Brasil a atingir sua meta nas próximas décadas e se tornar referência no combate a uma das doenças mais desafiadoras da atualidade.

*Eric Bassetti é médico gastroenterologista, especialista em hepatites virais e diretor médico associado da Gilead Sciences Brasil
Fonte: Veja Saúde 

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